Ei, pai! Um canto de partida
Ei, pai!
Da vida nada sei.
Por caminhos escuros ando,
Pessoas conhecidas evito,
Em ruas estreitas passo,
Estranhos quando me tocam eu grito!
Ei, pai!
Crescendo estou,
Aprendendo já não sei.
Perdido me encontro com o olhar parado,
O que será para o inocente o certo,
E para o incauto o errado?
Ei, pai!
Teria um minuto?
Para falar se quiser,
Para ouvir se puder...
Meu coração está apertado,
Na boca sinto o amargo gosto do pecado!
Ei, pai!
Seu silencio também me cala.
Conversar há muito não faço,
Sua voz não reconheço,
Seu abraço eu não sinto,
Seu carinho eu não mereço?
Ei, pai!
Na falta de amor me perdi,
Meus irmãos jamais vi
Nas drogas me achei,
Da vida esqueci,
No inferno da existência me encontrei,
Ei, pai!
O tempo está frio!
Sobre meu corpo surrado, geladas pedras sinto.
Minha leve alma me abandona,
Em fraca luz busco abrigo,
Perco a esperança de estar contigo...
Ah! Que calor é esse que me envolve?
Claro, és tu, Pai!
Entre cantos e, finalmente, meu riso,
Na alegria mágica do amor,
As portas do Paraíso!